domingo, 14 de junho de 2015

Desvendando o limite entre Safra, natureza e a tecnologia, até onde a safra importa ?!

Chega ser engraçado quando entra um cliente na loja ou pede a garrafa da mão do Sommelier no restaurante e  literalmente abusa da garrafa, introduz o dedo no fundo da mesma e solta a frase " Este vinho não presta a garrafa tem o fundo reto ou raso demais ",  ou então tem aquela frase formada " Vinho Francês abaixo de 100 reais nem compre", com o aumento perante o dólar a frase deve passar pra 150,00 talvez, o que estou querendo dizer é que hoje vivemos um momento da viticultura que podemos escolher vinhos sem sempre termos que nos amarrar a esta lenda e a talvez mais antiga a Safra !
Entretanto, como muitas outras “verdades” que as pessoas compartilham por aí sobre vinho, a realidade não é bem essa, e a importância da safra não é absoluta em qualquer caso, tanto que muitos restaurantes não mencionam a safra na carta.

Mas antes de falarmos de safras, vamos parar para entender seu valor e influência ano apos ano !

Você comprou o Alamos Malbec 2010 estava cheio de frutas negras e especiarias doces, ai você comprou o 2013 e estava mais leve menos alcoólico e com fruta mais retraída, ótimo temos o mesmo vinho com a expressão de cada ano, porém os dois tem suas qualidades e marca do Terroir de origem, talvez o mais potente e mais alcoólico durará um pouco mais na adega, mas ambos são vinhos jovens e logo devem ser bebidos jovens, as condições climáticas que mais afetam a qualidade das uvas são o excesso de chuvas ou temperaturas muito baixas. Enquanto a primeira deixa a polpa da uva muito diluída, a segunda não permite que a fruta mature perfeitamente. Quando o assunto é clima, qualquer extremo é um problema!

Aqui a Safra importa !

Estar sempre por dentro das noticias de suas vinícolas preferidas pode lhe trazer a resposta de uma mudança brusca no vinho. Mudanças no modo de confecção do vinho, técnicas diferentes, mudança de Enólogo ou de produtor responsável...qualquer mudança no processo de produção pode resultar em variações nas características e qualidade do seu vinho preferido.

Hoje o que nos da mais tranquilidade entre safras ruis ou impactos de desastres naturais, é que podemos contar fortemente com a TECNOLOGIA. A Natureza não foi totalmente domada e talvez nem será, porén em harmonia com ela e a tecnologia podemos obter vinhos corretos mesmo em anos ruins, produtores hoje contam com know-how para compensar alguns dos efeitos que o clima ruim pode causar num vinhedo. Por isso, inclusive, que muitas especialistas afirmam que o produtor é muito mais importante do que a safra, pois um bom Winemaker pode fazer toda a diferença na qualidade final do vinho, mesmo que o ciclo da videira não tenha sido o esperado. Salvo, claro, casos radicais.

Onde a safra realmente importa?

Não é uma pergunta fácil de se responder, mas é totalmente aplicável a regiões onde o clima oscila muito o ano todo, e como não Falar de França e seu Terroir da colcha de retalhos, mas assim também são seus microclimas, cheios de precipitações e oscilações de temperaturas, mas dali provem os mais valiosos vinhos do mundo, e olha que lá o produtor não se pode mexer muito com a natureza, pois dependo da tecnologia usada ou manipulação de vinhedo pode vir a perde o selo DOC

Outras regiões, como Rhône e Piemonte, também apresentam algumas condições extremas de clima, mas as vinícolas geralmente têm um pouco mais de controle sobre a própria produção sem que a legislação interfira tanto.

Em contrapartida, as vinícolas de Napa, nos Estados Unidos, e até do Sul brasileiro costumam gozar de um clima estável e mais favorável aos vinhedos. Por conta dessa estabilidade, a safra desses vinhos acabam importando menos, pois as mudanças são menos aparentes a cada ano, a exceção de safras excepcionais.

Onde a Safra menos importa !

Vinhos Populares, baratos demais,linha de supermercado..... com processo de produção em escala e industrial, tendem a apresentar pouca ou quase nenhuma variação entre uma safra e outra. O processo dificilmente muda de um ano para o outro e os produtores utilizam de artifícios que compensam alguns problemas que podem ter sido causados durante o ciclo da videira, como adicionar água para diluir uvas maduras demais, acidificar ou acrescentar açúcar para prolongar a fermentação.

Já os espumantes e vinhos do Porto costumam seguir diretrizes próprias na hora de destacar a safra. Geralmente esses vinhos não são safrados, a não ser em casos de uma colheita muito especial e de alta qualidade. Quando um produtor faz questão de colocar a safra nesses vinhos, é porque ele caracterizou como um ano digno de exposição no rotulo.

Depende mais do seu nível de conhecimento ou intenção.

A intenção é guarda, perfeito busque saber se a safra foi propicia para guarda, a intenção é bebr vinhos pontuados, acompanhe os guias que disponibilização o que o critico diz sobre a safra e pontuação pessoal dele, É claro que enólogos ou entusiastas, que estudam as regiões, os vinhos, tomam notas, etc, vão se importar mais em entender bem as diferenças e comparar cada ano. Além disso, como falamos, ter pelo menos uma noção do histórico da qualidade de safras de regiões complicadas pode ajudar a não pagar caro por vinhos bons querendo se aproveitar de sua denominação de origem e se passar por excepcional.

Agora, se você faz parte da maioria de enófilos que só quer degustar o vinho com uma refeição ou enquanto relaxa no sofá com uma boa companhia, a safra não precisa ser um motivo de preocupação. As diferenças para vinhos do do dia a dia não são significativas e o consumidor em geral não está preocupado ou até consegue notar as mudanças se não tiver duas ou mais safras ao mesmo tempo para comparar.

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